Polícia Federal prendeu na manhã de hoje (domingo) conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do RJ,  deputado federal e delegado, acusados de mandar matar Marielle

Polícia Federal prendeu na manhã de hoje (domingo) conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do RJ,  deputado federal e delegado, acusados de mandar matar Marielle
Chiquinho Brazão, Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa, acusados de mandar matar Marielle Franco — Foto: Reprodução
Publicado em 24/03/2024 às 15:26

Operação Murder, Inc. foi deflagrada neste domingo (24) pela Polícia Federal, Procuradoria-Geral da República e Ministério Público do Rio de Janeiro 

Os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão foram presos neste domingo (24) apontados como mandantes do atentado contra Marielle Franco, em março de 2018, no qual também morreu o motorista Anderson Gomes. O delegado Rivaldo Barbosa também foi preso, suspeito de atrapalhar as investigações.

Os três foram alvos de mandados de prisão preventiva expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A Operação Murder, Inc. foi deflagrada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e pela Polícia Federal (PF). O caso era investigado pela PF desde fevereiro do ano passado.

Os presos seriam ouvidos na sede da PF no Rio e encaminhados para a Penitenciária Federal de Brasília.

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Domingos é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ); Chiquinho é deputado federal pelo União Brasil — e por isso tinha foro especial; Rivaldo era chefe da Polícia Civil à época do atentado e hoje é coordenador de Comunicações e Operações Policiais da instituição.  

Domingos foi citado no processo desde o primeiro ano das investigações, em 2018, e chegou a depor no caso 3 meses após o atentado.

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Os Brazão sempre negaram envolvimento no crime.

Delegados afastados

Além das três prisões neste domingo, foram expedidos 12 mandados de busca e apreensão na sede da Polícia Civil do Rio e no Tribunal de Contas do Estado.

A TV Globo apurou que entre os alvos estão o delegado Giniton Lages, titular da Delegacia de Homicídios à época do atentado e o primeiro a investigá-lo, e Marcos Antônio de Barros Pinto, um de seus principais subordinados. A jornalista Daniela Lima, da GloboNews, apurou que o ministro Alexandre de Moraes determinou o afastamento dos dois das atuais funções.

Octávio Guedes apurou ainda que Erica de Andrade Almeida Araújo, mulher de Rivaldo, teve busca e apreensão decretada, bens bloqueados e a suspensão da atividade comercial de sua empresa, que, segundo a PF, lavava dinheiro para o marido.

Os agentes apreenderam documentos e levaram eletrônicos para perícia.

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Sede da Polícia Civil, no Centro do RJ, foi alvo de busca e apreensão — Foto: Anita Prado/TV Globo

Sede da Polícia Civil, no Centro do RJ, foi alvo de busca e apreensão — Foto: Anita Prado/TV Globo

Motivação e contrainvestigação

Os investigadores ainda trabalham para definir por que Marielle foi morta. Do que já se sabe, o motivo tem a ver com a expansão territorial da milícia no Rio. Já Rivaldo é suspeito de ter combinado não investigar o caso.

Os investigadores decidiram fazer a operação no início deste domingo para surpreender os suspeitos. Informações da inteligência da polícia indicavam que eles já estavam em alerta nos últimos dias, após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa.

Ao aceitar o acordo de colaboração com a PF, Lessa apontou quem eram os mandantes e também indicou a motivação do crime.

Lessa está preso desde 2019, sob acusação de ser um dos executores do crime.

Os mandantes, segundo o ex-PM, integram um grupo político poderoso no Rio com vários interesses em diversos setores do Estado. O ex-PM deu detalhes de encontros com eles e indícios sobre as motivações.

Repercussão

Monica Benicio, viúva de Marielle, na Polícia Federal. — Foto: Priscilla Moraes/GloboNews

Monica Benício, viúva de Marielle, na Polícia Federal. — Foto: Priscilla Moraes/GloboNews

Em uma publicação no X (ex-Twitter), Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, disse que “hoje é mais um grande passo para conseguirmos as respostas que tanto nos perguntamos nos últimos anos“.

“Agradeço o empenho da PF, do gov federal, do MP federal e estadual e do Ministro @alexandre. Estamos mais perto da Justiça!”, completou.

É um domingo de muita dor, mas também para se fazer justiça“, disse Marinete da Silva, mãe de Marielle, em entrevista à GloboNews.Por Andréia Sadi, Bruno Tavares, César Tralli, Daniela Lima, Darlan Helder, Eduardo Pierre, Leslie Leitão, Marco Antônio Martins, Natuza Nery, Octavio Guedes, Rafael Nascimento, GloboNews, g1 Rio e TV Globo — São Paulo e Rio de Janeiro