Literatura
GAIA
Elson Araújo
Escritor, membro da Academia Imperatrizense de Letras (cadeira 2), Advogado, e Jornalista, residente em Imperatriz Maranhão, e colaborador do Agora!)
Ao longo dos séculos tem sido muito ruim a relação do homem com a Mãe Terra. A relação não é harmônica, e severos já são os efeitos desse desequilíbrio na biota do planeta. Biota é a soma de todas as coisas vivas, incluindo as plantas e os microrganismos. Urge uma mudança de mentalidade da humanidade em relação aos cuidados com a morada de todos sob pena da extinção, mais uma vez, da vida por aqui.
Estudos científicos apontam que o planeta Terra teria se formado há pelo menos 4,5 bilhões de anos, num sistema solar de pelo menos 5 bilhões de anos e que nesse período, por cinco vezes, a vida quase foi extinta por obra da própria natureza. Agora, nestes tempos de meu Deus, não tem nada de era de gelo intensa, ou rochas gigantes vindas do espaço, o fim de tudo pode ser ocasionado pela ação do principal inquilino do planeta, o homem.
Os reflexos da desarmonia do homem com a Terra ou Gaia, como os antigos gregos chamavam a energia feminina e fértil elevada pela mitologia deles á condição de deusa, há muito já vêm sendo sentido. São concretos o aumento da temperatura e da acidez do solo, as mudanças radicais nos níveis de oxigenação, bem como de outros aspectos da composição da atmosfera e dos oceanos. Os níveis da tolerância foram ultrapassados, e muitos dos desastres climáticos registrados atualmente nos quatro cantos do planeta têm o dedo do homem.
Foi no bojo dessa preocupação e criticas, da relação do homem com o ambiente terreno, que surgiu o conceito de “hipótese gaia”, nascido da mente do biólogo/ químico e ex-consultor da Nasa, a Agência Espacial Americana, James Lovelock. Ele, na década de 1960, num esboço cientifico apresentou a hipótese da Terra como sendo um organismo vivo. Segundo o cientista, tal qual o corpo humano e outros organismos, o planeta tem o poder de se autorregular, e por meio desse processo a capacidade de controlar os seus níveis de oxigenação e temperatura, o que garantiria a existência e a preservação da vida.
Perceba, naquele tempo já havia uma preocupação e se discutia uma possível mudança de mentalidade do homem em relação às condições físicas/ambientais do planeta como elementar para a preservação da vida. De lá para cá, a condição ambiental da Terra só piorou e a preocupação continua a mesma de sempre.
Para nós, os não iniciados no mundo cientifico, não fica muito difícil captar a mensagem da hipótese gaia. Basta trazer ao pensamento o fato de as plantas recolherem da superfície da Terra o dióxido de carbônico, liberado pelo sistema respiratório do homem e de outros animais, e nos brindar em seguida com o oxigênio, vital para nossa sobrevivência. Natural, portanto, que quando surge um desequilíbrio nessa relação alguém sempre sai perdendo, nesse caso, o próprio individuo indutor dessa desarmonia, o homem.
É sempre oportuno voltar a esse tema, principalmente no início do ano, quando é possível rever nas retrospectivas os deletérios efeitos da exploração descontrolada dos recursos naturais da Terra, que mesmo com a capacidade de se autorregulamentar, como já fora mencionado, mostra sinais de cansaço. É visível o desgaste da relação do homem com ela.
O escritor Willis Harman, autor do livro Uma total mudança de mentalidade, nos ajuda nessa compreesão. Ele diz que somos unos com a nautureza e que estamos em harmonia com os procesos da vida e que qualquer desarmonia resulta de uma falha de percepção, sendo portanto corrigivel. O problema é que, mesmo sendo possível, nada tem sido corrigido.
“Essa tendencia a uma maior harmonia com a nautureza está sobrevindo, em parte, devido à ameaça do que poderá nos acontecer se não mudarmos” raciociona o mesmo autor.
Não custa ressaltar que problema ambiental hoje é global, daí a necessidade de um esforço concentrado para se cuidar melhor dos oceanos e dos rios, da atmosfera e das floretas; e ainda do controle dos temíveis produtos químicos, e até mesmo das armas nucleares, as chamadas armas de destruição em massa, um fantasma que atormenta as nações.
Diante dessa situação a pergunta que fica, é se é realmente possível a reconstrução dessa harmonia?
É preciso viver em paz com a natureza!