Amigo de Pedrinho e marido de Leila: quem é José Roberto Lamacchia, interessado em comprar SAF do Vasco
Aos 78 anos, dono da Crefisa tem perfil discreto, lutou contra câncer e preserva ótima relação com o presidente do Vasco
Por Bruno Murito — Rio de Janeiro
Bilionário, marido de Leila Pereira e fundador da Crefisa. José Roberto Lamacchia, de 78 anos, é o principal candidato a comprar a SAF do Vasco da 777, que foi afastada por decisão da Justiça na quarta-feira, atendendo a pedido da diretoria do clube.
O presidente do Vasco, inclusive, é amigo de Lamacchia. Em entrevista coletiva em São Januário na quinta-feira, Pedrinho disse que o empresário “tem muito interesse” em ajudar o clube.
De perfil discreto, o dono da Crefisa é menos conhecido que a esposa, que é a atual presidente do Palmeiras e uma das mulheres mais ricas do Brasil. No entanto, José Roberto Lamacchia já demonstrou interesse público em uma parceria com o Vasco. Em outubro de 2023, durante a campanha presidencial, ele manifestou em vídeo o desejo de adquirir os naming rights de São Januário.
O negócio causa inquietação no Palmeiras. A oposição do clube se posicionou contra a possibilidade de uma parceria entre Vasco e Crefisa e disse haver conflito de interesses.
Carreira e luta contra câncer
Nascido em São Paulo, em Birigui, Lamacchia fundou a Crefisa em 1966 com o dinheiro da venda de um banco que pertencia ao seu pai. Ele é dono da Crefisa, do Centro Universitário FAM e de outras 12 empresas do grupo. Ele e Leila Pereira estão juntos há 40 anos. O casal se conheceu em uma festa organizada no apartamento do empresário, em Ipanema, no Rio. Na época, Leila cursava jornalismo e tinha 18 anos. Lamacchia tinha 38 anos.
Impulsionada pelo marido, Leila entrou para o mundo dos negócios para se tornar executiva. Em 2008, ela assumiu o comando da Crefisa. Beto, como é chamado pela esposa, acompanha o dia a dia das empresas, mas aparece menos na mídia que a presidente do Palmeiras.
José Roberto Lamacchia e Leila Pereira com o avião comprado para uso do Palmeiras — Foto: Reprodução/Instagram
A decisão de investir no futebol veio em 2015, depois de batalhar contra um câncer. Palmeirense desde pequeno, Lamacchia foi questionado por Leila Pereira sobre a possibilidade de investir no clube do coração. O empresário gostou da ideia e resolveu iniciar as conversas por um patrocínio.
— Eu tive câncer e me curei. Um dia, tomava café da manhã num clube com a Leila e falava sobre o Palmeiras. Então ela me questionou: “Você gosta tanto do clube, mas o que faz por ele?”. Resolvi patrocinar, então — disse o empresário em entrevista à ESPN, em 2017.
Relação com Pedrinho
A parceria de Lamacchia com Pedrinho é antiga. Além da amizade entre os dois, o presidente do Vasco admira como a empresa e o Palmeiras formaram dupla de sucesso nos últimos anos, com um dos maiores patrocínios e investimentos de uma empresa em um clube de futebol no país neste século.
— Sou um amigo muito íntimo do seu José Lamacchia, e a Leila para mim é uma referência em gestão esportiva e coragem. Seu José Lamacchia é meu amigo, tem muito interesse em ajudar o Vasco, e a Crefisa é uma empresa séria no mercado — disse Pedrinho, em entrevista coletiva na quinta-feira.
O ge noticiou, na quarta-feira, que a Crefisa é uma das interessadas na compra das ações do Vasco que pertencem à 777 Partners. A companhia comandada por Lamacchia e Leila Pereira negocia valores e contratou em fevereiro, inclusive, uma due diligence (investigação do negócio para avaliar riscos) sobre a 777.
Além disso, havia já movimentação na campanha de Pedrinho sobre uma possível compra dos naming rights de São Januário.
Atualmente, o Vasco aguarda a aprovação do projeto de Lei do Potencial Construtivo para avançar na reforma do estádio. Os valores giram em torno de R$ 500 milhões. É com esse dinheiro que o Vasco projeta realizar a reforma e ampliação de São Januário para cerca de 47 mil pessoas. A eventual receita do naming rights será usada para incrementar o projeto.
O ge ouviu de pessoas envolvidas na conversa, em janeiro, que a tendência era a Crefipar assumir o projeto do estádio, assim como fez com a Arena Barueri. A Crefisa também projetava ter as propriedades de outras áreas do complexo de São Januário, como piscina, academia, entre outras coisas. O mesmo aconteceu no CT do Palmeiras, por exemplo.A Crefisa chegou ao Palmeiras em 2015 e investiu pesado na contratação de jogadores – valores que viraram dívida do clube posteriormente – e ajudou a colocar o time em uma de suas eras mais vitoriosas na história. Desde então, o Verdão conquistou duas Libertadores (2020 e 2021), duas Copas do Brasil (2015 e 2020), quatro Brasileiros (2016, 2018, 2022 e 2023), quatro Paulistas (2020, 2022, 2023 e 2024), uma Supercopa (2023) e uma Recopa (2022). Atualmente, a empresa de Leila Pereira investe R$ 81 milhões fixos para estampar o nome na camisa do Palmeiras. O número não inclui pagamentos de bônus e investimentos realizados pela empresa na logística da equipe, na estrutura da Academia de Futebol e em melhorias na sede social, entre outros.