COLUNA DO RUY PALHANO
Amamos com o cérebro
Em muitas culturas e tradições filosóficas, o amor é visto como uma força poderosa que pode transformar indivíduos e sociedades.
Em muitas culturas e tradições filosóficas, o amor é visto como uma força poderosa que pode transformar indivíduos e sociedades. Ele motiva atos de sacrifício altruístas, promove a paz e a compreensão entre povos e é frequentemente a base para a criação de arte, música e literatura que tocam o coração e elevam o espírito.
O amor é frequentemente descrito como uma das experiências mais profundas e significativas que os seres humanos podem ter. Ele transcende o físico e o material, alcançando dimensões emocionais, espirituais e até mesmo transcendentes. A natureza sublime do amor reside em sua capacidade de inspirar bondade, empatia, compaixão e um senso profundo de conexão com outros seres.
Com os avanços atuais nos conhecimentos de neurociência, sabe-se hoje bastante sobre o que ocorre com os nossos sentimentos, emoções e ou sobre as atividades cognitivas. Os sentimentos de amor e paixão, por exemplo são um dos mais estudados na atualidade. A cada momento, avançamos mais sobre os segredos da nossa mente, da nossa “psiquê” e porque não dize sobre nossa “alma”, sobretudo, sobre nossos sentimentos e sensações mais profundas que embora venham sendo estudados há séculos, a cada dia esses conhecimentos se tornam mais robustos e consolidados.
Como vimos, um dos sentimentos humanos mais poderosos e importantes é certamente o amor. E sobre ele, todos querem experimentá-lo ou sentir e viver sob seu comando. É o sentimento que nos torna felizes, em paz conosco e com os outros, nos faz avançar na vida e nos leva as conquistas. O amor nos faz tolerantes, amáveis e nos dá a base para as relações sociais, além de garantir a integridade de nossa vida afetiva. Não fora o amor não sairia do primitivismo e não nos diferenciávamos.
Quem já se apaixonou sabe como são boas, e inesquecíveis estas experiências. Parece que estamos flutuando, e sentimos um friozinho na barriga todas as vezes que vemos ou falamos com a pessoa amada. Nosso coração bate mais forte, a respiração fica rápida, falta o ar nos pulmões, as mãos ficam frias, sentimos um medo enorme de perdermos a pessoa amada. Muitas outras coisas surgem no corpo e na mente, quando amando e a melhor sensação é a de estarmos vivendo a vida plenamente e com toda sua intensidade.
Com o prosseguimento das pesquisas nesta área, utilizando métodos sofisticados atualmente disponíveis, como o PET- SCAM, ressonância magnética nuclear e outros métodos de neuroimagem e através destes exames sofisticados os cientistas passaram a ter um enorme interesse em decifrar os enigmas destas sensações que se apresentam quando estamos amando. Os estudos de neurociência estão chegando a conclusões que há áreas de nosso cérebro que são estimuladas, quando amamos. Estes estímulos ocorrem de maneira muito semelhante ao que ocorre no cérebro de alguém que usa drogas, as mesmas drogas que viciam, com o álcool, tabaco e outras.
Estas conclusões foram obtidas através de imagens de ressonância magnética do cérebro de mulheres e homens que afirmaram estar profundamente apaixonados, em períodos que variavam de um mês a dois anos. Eram mostradas fotos da pessoa amada e de pessoas parecidas com as dos participantes da pesquisa e percebiam que havia mudanças acentuadas na atitude dos pesquisados.
Os cérebros dos participantes apaixonados reagiam às fotos de seus companheiros, produzindo respostas emocionais nas mesmas partes do cérebro normalmente envolvidas com a sensação de motivação e recompensa, a mesma área do sistema cerebral que é ativado quando uma pessoa é dependente de uma droga.
Esta região do nosso cérebro foi designada de área de recompensa cerebral ou área do prazer. E uma região profunda do cérebro, formado por outras pequenas subestruturas localizadas no hipotálamo. A partir destes estudos os neurocientistas dizem que o amor romântico é uma das emoções mais poderosas que podemos ter e esta parte que controla recompensa no cérebro é uma parte essencial do cérebro indispensável para garantir a nossa sobrevivência. É ela que nos ajuda a reconhecer que algo é bom. Portanto, não há dúvidas que ela está envolvida na nossa batalha diária.
A área de recompensa cerebral é riquíssima em dopamina cerebral, um neurotransmissor envolvido com o prazer, com a alegria e com a felicidade. A dopamina desta região está presente em grande quantidade, especialmente nas vezes que ocorre estimulação desta região.
A área de recompensa estabelece relações com muitas outras regiões do cérebro, garantindo outras funções importantes para nosso equilíbrio mental e emocional de tal forma que todo este trabalho neurocientífico, demonstra que amar é uma experiência altamente prazerosa e indispensável para nossa vida. Através deste sentimento nós nos sentimos mais aptos, mais inteligentes, e com mais disposição. Sentimo-nos com mais coragem e mais seguros.
Todo nosso corpo funciona melhor, a autoestima e autoconfiança se ampliam ainda mais. Os que amam se sentem mais tranqüilos, mais companheiros e mais solidários, demonstrando que o amor desperta em cada um de nós, sentimentos de fraternidade e tornando as pessoas mais sociáveis e mais sensíveis.
No plano da saúde, torna os sistemas imunológico, cardiorrespiratório, renal, digestivo e osteomuscular, mais aptos e se articulam melhor em todo corpo. Do ponto de vista sexual há uma melhora em seu desempenho, na qualidade e na intensidade de suas práticas.
A sublimidade do amor também pode ser encontrada em sua complexidade e em suas várias formas, desde o amor romântico até o amor fraterno, o amor parental e o amor incondicional. Cada tipo de amor tem sua própria beleza e valor únicos, contribuindo para a rica tapeçaria da experiência humana.
Além disso, o amor tem o poder de curar, oferecendo conforto e apoio em tempos de dor e sofrimento. Ele nos ajuda a crescer, a aprender e a nos tornarmos melhores como indivíduos e como parte de uma comunidade. Resumidamenteo, o amor é sublime porque ele eleva e enriquece a vida, proporcionando significado, propósito e alegria. É um pilar fundamental da existência humana, refletindo o melhor do que é ser humano.